Breve História da Hipnose
Na Antiguidade a sociedade Egípcia (milhares de anos antes de Cristo) utilizava a hipnose em seus templos do sono, as doenças eram tratadas após o paciente ser submetido ao transe hipnótico; existem provas arqueológicas de tal prática como vasos de cerâmica onde aparecem figuras de médicos fazendo intervenções cirúrgicas de (para a época) grande porte, o que sabemos ser muito difícil, pois a anestesia não era conhecida.
Tais médicos eram representados emitindo sinais mágicos ou raios dos olhos como forma de estereotipar a ação do hipnotizador. Tal procedimento (hipnose médica) tem outra designação, “sofrologia” oriunda da deusa grega Sofrosine. Ao pé da letra: Sos (tranqüilo), phren (mente) e logia (ciência), ou seja, ciência da mente tranqüila.
A hipnose começou a ser praticada no século 18, quando o médico alemão Franz Anton Mesmer defendeu sua tese de doutorado na Universidade de Viena.
Mesmer defendeu a tese que a atração gravitacional entre a Terra e outros corpos celestes afetava a saúde das pessoas, sendo responsável por vários tipos de doença mental, sendo produzida por um fluído universal (energia) do qual fazia parte todas as coisas do universo, denominando ainda, esse fluido, nos corpos vivos, de magnetismo animal.
A tese foi aceita e Mesmer recebeu o diploma em 1766. Ele começou a acreditar que o corpo humano estava cheio de fluidos magnéticos, cujo desequilíbrio era nocivo e deveria ser corrigido.
No tratamento, o paciente ficava sentado numa cadeira enquanto Mesmer olhava em seus olhos, pedia que se concentrasse ou tocava em seus braços e mãos – técnicas similares às da hipnose moderna.
Mesmer estava 200 anos à frente do conhecimento de sua época ao pensar que o universo era composto de uma única energia que se modifica segundo a vibração.
Em 1778, depois que não conseguiu curar uma pianista acometida de cegueira nervosa, Mesmer foi expulso de Viena e se instalou em Paris. Sua clínica foi o maior sucesso, e em 1784 o rei Luis 16 formou uma comissão de cientistas notáveis, que incluía Antoine Lavoisier e Benjamin Franklin, para estudar os poderes de Mesmer.
Eles concluíram que se tratava de um charlatão, mas que tinha alguns poderes: ele representava um perigo para a sociedade, porque supostamente era capaz de Mesmerizar, palavra que se tornou um sinônimo de enfeitiçar as pessoas contra a vontade delas.
Se quiser saber mais sobre Mesmer, veja o vídeo abaixo:
– Dr Mesmer – O Feiticeiro (1:46 minutos)
As técnicas de Mesmer foram proibidas, e a hipnose começou a se transformar em show circense. O que hoje se chama de hipnose de palco e que muitas vezes colabora para a resistência de algumas pessoas com a técnica, vendo-a como enganosa. Vemos muito isso em programas de tv, onde os hipnólogos, por exemplo, fazem com que uma pessoa coma cebola acreditado ser uma maçã.
Mas alguns discípulos continuaram a acreditar na sua eficácia como tratamento. Um deles era o médico escocês James Braid. Em 1843, ele resolveu trocar o nome Mesmerização para torná-la mais aceitável. E usou o termo hipnose (do latim hipnos = deus grego do sono + osis = ação ou processo), que o introduziu, pois acreditou tratar-se de uma espécie de sono induzido, produzido pelo cansaço do nervo óptico.
Hoje, com o avanço da tecnologia, sabemos que a hipnose nada tem a ver com o sono, e sim um estado de grande relaxamento, que proporciona um bem estar enorme, sendo detectado no exame de eletroencefalograma ou ressonância magnética pelas ondas cerebrais. Mas quando tal equívoco foi reconhecido, o termo já estava consagrado, e permaneceu nos usos científico e popular.
Braid adotou uma abordagem mais científica, e a partir daí a hipnose passou a ser estudada pelo francês Charcot (1825-1893), considerado o pai da neurologia, o psicólogo russo Ivan Pavlov (1849-1936) e Freud, quando no final do século XIX, após ter feito um estágio com Charcot, começou a usar a hipnose como procedimento terapêutico. Ele fazia que as pessoas em estado hipnótico, voltassem a reviver ou lembrar seus traumas que deram origem aos seus sintomas. E assim conseguia curá-las.
Charcot com seus alunos
Mais tarde, o próprio Freud desenvolveu um novo método de cura, denominado Psicanálise, baseado na associação de ideias e na interpretação dos sonhos (1900), deixando de lado o uso da hipnose.
No Brasil a hipnose ficou proibida no decorrer do governo do então Presidente Jânio Quadros num ato presidencial que contrariava os principais conselhos de saúde brasileiros, além de atrasar muito o trabalho sério e as pesquisas da área.
Entretanto, na década seguinte, com o advento das perseguições militares, algo muito importante foi confirmado sobre a hipnose: é sabido que alguns agentes da repressão do governo tentaram utilizar o transe hipnótico para obter informações de presos políticos; a única informação importante obtida nessas tentativas foi que a hipnose não pode ser obtida contra a vontade da pessoa ou em situação de pressão psicológica.
Nos últimos anos com o avanço das neurociências, os estudos têm sido realizados com aparelhos tipo PET Scan (Positron Emition Tomography Scanner), que possibilitam a partir de injeção de glicose ativada, identificar as áreas cerebrais ativas em diferentes situações experimentadas em pacientes. Se quiser saber mais, acesse o link abaixo:
– Ver sobre avanços da neurociências em hipnose
Um exemplo interessante é usado na França por bombeiros que usam técnicas de hipnose para ajudar vítimas de acidentes.
A hipnose parece diminuir a dor e o sofrimento emocional das pessoas que ficam presas ou feridas em acidentes: “Olhe nos meus olhos, deixe a sua mente se esvaziar e o seu corpo vai relaxando”, diz um bombeiro, usando as palavras calmantes da hipnose para ajudar uma vítima.
Na estação de resgate Haguenau, 120 bombeiros foram treinados em hipnose para aprender a acalmar uma vítima presa sob os escombros, em um carro após um acidente, ou até mesmo uma pessoa que sofre um ataque de asma. A ideia é que a hipnoterapia pode complementar a assistência tradicional de primeiros socorros.
A hipnose tem sido cada vez mais utilizada na área médica, para controle da dor crônica, no tratamento da ansiedade, para analgesia em cirurgias e/ou exames, como endoscopia, ressonância e também procedimentos odontológicos. No entanto, a hipnose não pode ser aplicada em 3 casos: Síndrome de Dow, esquizofrenia e retardamento mental.
Se quiser ler mais, veja um artigo interessante na página da revista Mente e Cérebro de 2005:
A hipnose foi regulamentada desde 2000 para médicos, dentistas, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional e psicólogo. Veja resolução abaixo: